De acordo com uma perspectiva utópica, a Internet fornece um esmagador potencial para o desenvolvimento de comunidades, aumentando exponencialmente o capital social e humano, permitindo a participação democrática em todas as decisões políticas (Katz & Rice).
Longe de qualquer idealização ou condenação, é inegável que as novas tecnologias da comunicação, nomeadamente a Internet, vieram introduzir novas práticas sociais e novas formas de entender e estudar a cultura, abrindo possibilidades a novas formas de pensamento, acção e interacção social. Com efeito, essas práticas sociais traduzem-se na produção e multiplicação de páginas web, grupos de discussão, chatrooms e blogs, envolvendo-as numa complexa relação entre a tecnologia, a Internet, o tempo e o espaço.
Precisaremos nós de repensar a forma como temos vindo a estudar a cultura e a sociedade?
A redução de pistas sociais na comunicação mediada por computador (CMC) retira do contexto social, características como o género, a idade, a raça, o estatuto social, as expressões faciais e a entoação da voz. No entanto, este facto, longe de limitar ou constranger a comunicação, permite, pelo contrário, uma experiência social rica e complexa (Hine). Em contraponto--e complemento--ao argumento anterior, a tensão e a fragmentação também têm existência recorrente neste tipo de comunicação (Mitra) embora, segundo Reid, também permita a construção duma cultura através duma linguagem partilhada e do desenvolvimento de formas nas quais os participantes se conseguem tornar presentes uns aos outros através do texto.
Neste contexto, já Rheingold referira o nível de compromisso e de ligação experienciados pelos utilizadores, cunhando o termo de “comunidade virtual”, e constatando que a CMC permite a sua constituição e existência.