Este quadro conceptual positivista, usou o "realismo fotográfico" como meio para legitimar as instituições e os valores duma sociedade colonialista. Também em Portugal surgiram colecções fotográficas feitas no vasto império colonial e, tal como em França, surgiram nos arquivos -- não só dos museus ou departamentos antropológicos mas também nas cadeias --, outros materiais susceptíveis de produção de conhecimento. Inspirando-se no trabalho desenvolvido em França, em 1890 por Alphonse Bertillon (La Photographie Judiciaire), é aberto no Porto um posto antropométrico no edifício da Cadeia da Relação. A análise da fotografia prisional produzida entre os finais do séc. XIX e início do séc. XX, em inúmeros estabelecimentos prisionais na Europa, revela a importância desta técnica e dos conhecimentos através dela obtidos para a ciência. No espaço da cadeia, o laboratório e o posto são os locais onde se faz a identificação dos detidos: os boletins de identificação dos reclusos contêm para além dos nomes, fotografias tiradas de frente e de perfil. Contêm também os registos das medidas antropométricas do crânio e da face, das indicações pessoais e dos sinais particulares dos reclusos.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
Ciência e fotografia I
Este quadro conceptual positivista, usou o "realismo fotográfico" como meio para legitimar as instituições e os valores duma sociedade colonialista. Também em Portugal surgiram colecções fotográficas feitas no vasto império colonial e, tal como em França, surgiram nos arquivos -- não só dos museus ou departamentos antropológicos mas também nas cadeias --, outros materiais susceptíveis de produção de conhecimento. Inspirando-se no trabalho desenvolvido em França, em 1890 por Alphonse Bertillon (La Photographie Judiciaire), é aberto no Porto um posto antropométrico no edifício da Cadeia da Relação. A análise da fotografia prisional produzida entre os finais do séc. XIX e início do séc. XX, em inúmeros estabelecimentos prisionais na Europa, revela a importância desta técnica e dos conhecimentos através dela obtidos para a ciência. No espaço da cadeia, o laboratório e o posto são os locais onde se faz a identificação dos detidos: os boletins de identificação dos reclusos contêm para além dos nomes, fotografias tiradas de frente e de perfil. Contêm também os registos das medidas antropométricas do crânio e da face, das indicações pessoais e dos sinais particulares dos reclusos.
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